Uma única espécie em Portugal
Conhecem-se cerca de 1200 espécies de escorpiões incluídas numa dezena de famílias. Dessas, apenas cerca de 30 são potencialmente perigosas para o Homem. O género Buthus alberga 25 espécies, em que a maior parte ocorre nas zonas áridas do Norte de África.
Conhecem-se cerca de 1200 espécies de escorpiões incluídas numa dezena de famílias. Dessas, apenas cerca de 30 são potencialmente perigosas para o Homem. O género Buthus alberga 25 espécies, em que a maior parte ocorre nas zonas áridas do Norte de África.
O Lacrau (Buthus occitanus) é o único escorpião existente em Portugal. Distribui-se por todo o território nacional, desde Trás-os-Montes ao Algarve, encontrando-se frequentemente em zonas áridas, com rochas expostas ao sol. Ocorrem sempre sozinhos e quando são observados dois debaixo da mesma pedra, um está com toda a certeza decidido a comer o outro ou anda à procura de parceiro sexual. A sua visão é tão pobre que não consegue reconhecer um indivíduo da mesma espécie, a não ser quando estão em contacto. Algumas experiências demonstraram que o lacrau utiliza somente as três patas anteriores para escavar os buracos (nunca utilizam as pinças). Constatou-se também que de Outubro a Março geralmente não se alimentam, rejeitando toda a comida que lhes é oferecida quando são alimentados em cativeiro, encontrando-se no entanto acordados e prontos a defender-se. Em Abril parece acordar o apetite, embora uma pequena quantidade de alimento seja suficiente para satisfazer as suas necessidades alimentares. O lacrau demora aproximadamente cinco anos a tornar-se adulto.
O corpo destes animais encontra-se dividido em três partes: a anterior, designada prosoma; a mediana, designada mesosoma; e a terminal ou caudal, designada metasoma. As placas quitinosas do prosoma estão fundidas formando uma carapaça. Aí, sensivelmente a meio, encontram-se dois olhos medianos e nos bordos antero-laterais podem encontra-se grupos de olhos mais pequenos (de 2 a 5), todos olhos simples. O aparelho de veneno do escorpião é constituído pelo último segmento abdominal que é dilatado e termina por um aguilhão. Nessa extremidade existem duas glândulas de veneno que conjuntamente terão um volume aproximado de 8 mililitros de veneno.
As picadas de lacrau
Dados os seus hábitos essencialmente nocturnos, as picadas de lacrau são relativamente raras em Portugal. Segundo o Dr. Rogério Gonzaga, o veneno do lacrau é constituído por várias toxinas proteicas que podem agrupar-se em dois tipos: citotóxicas, de actuação local e relativamente inócuas, e neurotóxicas, com propriedades hemolíticas, citolíticas e hemorrágicas.
Dados os seus hábitos essencialmente nocturnos, as picadas de lacrau são relativamente raras em Portugal. Segundo o Dr. Rogério Gonzaga, o veneno do lacrau é constituído por várias toxinas proteicas que podem agrupar-se em dois tipos: citotóxicas, de actuação local e relativamente inócuas, e neurotóxicas, com propriedades hemolíticas, citolíticas e hemorrágicas.
O efeito do veneno varia de acordo com determinados factores, tais como: a idade e peso da vítima, a espécie de escorpião e o local da picada. Normalmente as picadas ocorrem quando se pisam inadvertidamente os lacraus com os pés descalços ou com as mãos. Nas palmas dos pés e mãos, devido à espessa barreira epidérmica, a difusão do veneno é limitada, já o mesmo não acontece com outras zonas do corpo, onde apesar de serem mais raras as picadas, geralmente, inspiram mais cuidado devido ao perigo de inoculação profunda do veneno.
A espécie de escorpião existente no nosso País (Buthus occitanus), não é muito perigosa. Após a picada, os sinais no local podem ser mínimos, mas a dor é muito intensa e o membro forma um edema e fica parcialmente paralisado. Os sintomas são variados, desde a ansiedade, arrepios, cãibras musculares até à hipotensão. Caso não exista acompanhamento médico, a dor manter-se-á várias horas e os sintomas podem durar até dois dias, podendo persistir sintomas neurológicos durante mais de uma semana. Salvo raras excepções, como por exemplo picadas infligidas em crianças de tenra idade, o efeito do veneno do lacrau não é fatal.
O membro afectado deve ser imediatamente imobilizado e deve colocar-se um garrote na proximidade da picada. Para controlar a dor sugere-se a aplicação de gelo ou cloreto de etilo no local da picada, ou ainda, compressas quentes embebidas numa solução de bicarbonato de sódio para neutralizar o veneno. O acompanhamento médico deve fazer-se o mais brevemente possível, principalmente quando se trata de menores de 6 anos, que podem entrar em estado de choque.
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